Por Rafael Rocha
Segundo o ditado popular, “um é pouco, dois é bom, três é demais”. E quatro? Ih, aí passa até do que é considerado demais! No caso de filhos isso tem sido a opinião de uma grande maioria, atualmente. Ou você, que não tem filhos ou que tem um, no máximo dois, quando vê uma mãe de quatro filhos não pensa “tudo isso! Essa é maluca”?
Mas a verdade é que nós não sabemos se é tão difícil assim criar um quarteto de crianças. Talvez até torne o trabalho mais fácil. Os mais velhos podem ajudar a cuidar dos mais novos. As tarefas de casa podem ser melhor divididas. Ou talvez não. As preocupações são quadruplicadas, a atenção precisa ser dividida em pedaços idênticos de 25% para cada um, senão dá briga! Enfim, só quem vive isso sabe como é.
Por isso ouvimos duas mães. Emília Prado tem seu próprio Clube da Luluzinha em casa. É mãe de quatro meninas: Gabi, Helô, Bia e Manu, que compõem seu mundo cor de rosa. Solange Cirelli tem duas meninas, Giovana, de 13 anos, e Rebeca, de 1. Mas, nesse intervalo entre os nascimentos vieram dois meninos. E de uma vez só! Os gêmeos Pedro e Davi, atualmente, estão com cinco anos. E essas duas mamães nos contam como dividem o tempo nessa correria que é a vida de mãe de quarteto.

Tempo fora de casa...
Todos nós sabemos que a questão de emprego e dinheiro hoje em dia é algo que preocupa praticamente todo mundo. Logo, alimentar quatro bocas é uma tarefa difícil, realmente. E esse é um dos maiores motivos que fazem com que muitos se espantem com mães de muitos filhos. “Hoje muitos não querem filhos pelo gasto. E sustentar os quatro é mesmo difícil”, comenta Solange, citando ainda que como a situação financeira geralmente exige que a mãe também trabalhe, isso gera outra dificuldade. “A realidade da maioria das famílias é que o pai e a mãe trabalham, então quando estamos em casa queremos dar o máximo de atenção a eles. Para isso, muitas vezes você se anula, precisa abandonar seus hobbies”.

Rebeca, a caçula de Solange, se diverte com o irmão
Emília, antes de ser mãe, trabalhava como recepcionista em uma multinacional. Quando se casou optou por virar dona de casa. E assim criou suas três primeiras filhas. “Quando as meninas já estavam grandes eu queria trabalhar, mas onde pudesse tê-las por perto. Então fiz pedagogia e arrumei um emprego em uma escola. Elas ganharam bolsa e vão comigo”, conta.
Mas, quando a caçula Manu nasceu vieram as dúvidas se a carreira deveria continuar ou não. “Quando voltei da licença pensei em parar, para criá-la como criei minhas outras filhas. Mas não podia agir com emoção, eu não podia abandonar minha missão. Eu até pensava se estava errada em deixar meus filhos para cuidar dos meus alunos. Mas eu senti Deus me dizendo que era para eu cuidar deles, por que dos meus ele cuidaria. Isso me acalmou e mostrou que eu deveria continuar”, relata ela, que além de trabalhar ainda estuda e é pastora. “Não é só trabalho, tem todo um contexto que gera cansaço, mas quando você chega em casa e vê seus filhos bem, isso dá forças para continuar”.

As quatro filhas de Emília

Tempo para quatro pessoas diferentes...
E essa é a vida de mãe que trabalha. Separar o tempo entre trabalho e casa. Mas neste caso o tempo em casa tem que ser dividido entre os quatro. Emília cita que a maior dificuldade é a diferença de idades. “Cada faixa etária exige cuidados diferentes. A forma de conduzir cada uma delas é de um jeito, cada uma com sua personalidade. A Helô é tranquila, mas às vezes explosiva. A Gabi está na fase de pré-adolescência, então traz outras preocupações. A Bia se transformou quando a Manu nasceu, para não perder o posto de caçula. E a Manu também gosta muito de atenção, pede bastante colo. Então é preciso entender cada uma e ir se desdobrando para estar com elas. Eu sou falha, muitas vezes não consigo conciliar, mas tento ter tempo de qualidade com elas, por que sei que são coisas que ficarão gravadas na memória”.

Solange, que teve a experiência de ter filhas meninas e filhos meninos comenta sobre a dificuldade de adaptação com isso. “A Giovana tinha seis anos quando os meninos nasceram. Eu estava acostumada com desenhos de meninas, brincadeira era comidinha. Era mais cômodo para mim. Quando eles nasceram meu marido teve que me ajudar muito a entender que era uma configuração diferente. A brincadeira deles, por exemplo, é luta, é bater. Na idade deles a Giovana estava quietinha brincando de boneca, são dois universos muito diferentes”.

A filha mais velha, Giovana, quando Rebeca ainda estava para chegar ao mundo
Mas e aquele momento em que essas quatro pessoas, cada uma com sua personalidade e suas necessidades, precisam de atenção ao mesmo tempo? “Primeiro dá um pane! Mas eu entendo que só precisam de atenção”, comenta Solange. “Outro dia eu cheguei do trabalho querendo pelo menos cinco minutos para deitar e relaxar um pouco. Mas aí já vieram os quatro em cima de mim. Nessas horas eu respiro fundo e acabo abraçando todo mundo”.

E sobra tempo para a mamãe?

“Não!”. Basicamente essa é a resposta das duas mães. Emília reconhece que isso precisa ser trabalhado, até mesmo para ter tempo a sós com o esposo, mas ainda tem dificuldades. “Eu não saio com amigas, por exemplo. Meu esposo gosta de sair comigo, mas muitas vezes eu não quero deixar as meninas. Porém, sei que há tempo para tudo e tenho buscado trabalhar nisso”.

A explicação de Solange é que não sobra muito tempo para si, por que quando está com as crianças tenta suprir a ausência de quando está fora de casa. “Eu passo 13 horas fora por causa de trabalho. Fim de semana também há muitas coisas que precisam ser feitas em casa, então quando temos tempo, mesmo em férias, queremos dar tempo de qualidade a eles. Por isso, tudo que fazemos é com eles”.
E vale a pena ter quatro filhos?
Bom, parece difícil, parece corrido, mas olha as fotos que nós tiramos dessas duas famílias para ilustrar essa matéria. Parecem famílias tristes? Claro que fica na cara que uma família grande, apesar de trazer suas dificuldades, tem muitos lados positivos.
Emília considera que a maior vantagem de ter uma família assim é a felicidade que isso traz. “É uma vida corrida, estressante, mas mesmo que seja difícil, quando vejo minhas filhas em casa com saúde, compensa. Então sou muito grata a Deus por ter esse bem que é uma grande alegria”.

Solange diz que, além de não saber mais o que é sentir solidão, também tem aprendido muito sendo mãe das crianças. “O amor e carinho que você percebe que consegue dar é incondicional. Cada um deles é diferente, mas você ama aquele ser pelo que ele é, na forma dele. Então eu vejo muito de você se abrir para amar mais as pessoas e aceitá-las. Cada fase é uma descoberta diferente, então é uma alegria constante poder vibrar com eles a cada novo passo”.

Ela também ressalta o fato de as crianças terem mudado a vida de seus pais. “Meu pai se tornou uma pessoa muito mais calma e alegre. Eu vejo ele fazendo coisas por eles que não pôde fazer por mim, porque estava trabalhando. Minha mãe também tem eles como seus companheiros. Trouxeram muita diversão e aprendizado. E eu acho incrível ver o carinho deles, de um para com o outro. Quando eu os vejo brincando, se abraçando, penso: ‘é, acho que está dando certo!’. Eu vejo quatro seres humanos crescendo e se autoafirmando, construindo coisas boas. E o que eu mais desejo é que vivam esse companheirismo, é muito gratificante poder vivenciar isso”, conclui.

E você, tem filhos? Quantos? Se conhece alguma mamãe de muitos filhos assim fala pra ela vir aqui compartilhar suas experiências com a gente!
E aproveita para ver mais dos ensaios que fizemos com as famílias desse post!
- Lifestyle da família da Solange
- Ensaio da Emília e suas quatro filhas
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